BIBIANA GUARALDI – ESPECIAL PARA O ESTADO – O ESTADO DE S.PAULO
Apartamento em São Paulo reformado e decorado pela Ah!Sim Foto: Divulgação
Derrubar uma parede para dar mais espaço à sala de jantar, transformar o quarto de hóspedes em escritório, mudar a decoração da casa toda ou só de um quarto para acompanhar o crescimento dos filhos. Seja qual for o motivo da reforma, a escolha do profissional certo é o primeiro passo e pode decidir se a jornada será tranquila. Dependendo do que se quer fazer, o mais indicado pode ser um engenheiro civil, um arquiteto ou um designer de interiores.
Mas as diferenças entre o trabalho de um ou de outro nem sempre são claras. “Arquitetura trabalha para o uso, mas acontece antes dele. O design de interiores entra com a adequação imediatamente antes do uso ou para algo já em funcionamento, fazendo a atualização para novas funções – há ligação entre os trabalhos dos dois”, diz o arquiteto, designer gráfico e coordenador do curso de pós-graduação em Design de Interiores da FAAP, Carlos Eduardo Leite Perrone.
Há diferenças e semelhanças também quanto à forma como é calculado o valor cobrado pelo profissional. Pontos em comum entre as três áreas são a possibilidade de solicitar apenas o projeto e a existência de tabelas de referência para a definição dos honorários, mas não há regra geral e o preço varia caso a caso. A cobrança na arquitetura costuma ser definida em função do custo geral da obra, por metro quadrado, ou por hora técnica – normalmente para serviços curtos.
No caso de engenheiros civis, a cobrança também é feita por metro quadrado e cada atribuição acrescenta um valor ao total. “Se for só o projeto é um preço, se precisar também de direção técnica soma-se mais um valor”, exemplifica o engenheiro civil e Gerente de Fiscalização da Superintendência de Fiscalização do Crea-SP, Ademir Alves do Amaral.
O valor cobrado pelo designer de interiores é calculado levando em conta não apenas o tipo de edificação ou a metragem do lugar, mas principalmente o tempo de dedicação à obra. “Avaliam-se as dificuldades pertinentes à intervenção, pois espaços iguais podem demandar quantidades diferentes de horas de trabalho”, explica Perrone.
Para quem quer mudar, mas não sabe como, não quer ou não tem tempo para se envolver na obra, há empresas especializadas em cuidar de tudo, do projeto à decoração, entregando o espaço pronto para o uso. É o caso da AH!Sim, que reúne em uma mesma equipe do profissional que vai assentar o piso ao decorador. Segundo Mariane Carneiro da Cunha, administradora e sócia-diretora da empresa, o projeto começa com uma conversa com o cliente sobre preferências e valor que se pretende investir. “Um contrato traz todas as fases da reforma, previsões de datas e garantias para cada entrega. Isso dá segurança, evita problemas durante a obra”, diz Mariane.
Supervisão.Desde quando entrou em vigor a norma NBR 16280/2014, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a contratação do profissional certo para a reforma ganhou ainda mais importância, pois a regra determina que algumas ações só podem ser feitas com autorização e supervisão de engenheiros ou arquitetos.
Para Amaral, a norma apenas reforça a importância de profissionais habilitados na realização de qualquer tipo de intervenção no empreendimento.
“Cabe aos profissionais avaliar quais estruturas podem ser afetadas, definindo se acarretam riscos ou não.” O arquiteto e coordenador do curso de Arquitetura da FAAP, Mario Figueroa, ressalta que, não havendo fiscalização, a medida não é suficiente para evitar tragédias em obras. “As prefeituras não têm estrutura para fiscalizar ou antecipar problemas, então, o resultado prático é que agora se tem o registro para responsabilização, caso algo ocorra”, pondera.
Pequenas alterações, como pintura de parede ou troca dos vidros de janelas, não se encaixam na regulamentação da ABNT. Ao contrário de serviços que alterem a estrutura do imóvel, como remoção ou construção de paredes, instalação ou alteração em aparelhos de automação, instalação de ar-condicionado, exaustão e ventilação e troca de revestimentos usando ferramentas de alto impacto.
Diferenças entre os profissionais
Engenheiro civil: pode projetar e gerenciar todas as etapas de uma construção ou reforma. Cabe a ele garantir a estabilidade e a segurança da edificação, analisando características de solo, definindo esquemas de construção da estrutura, tipos de fundação, calculando os efeitos dos ventos, mudanças de temperatura e outros fatores que interfiram na escolha do material a ser usado na obra. O engenheiro também pode se dedicar à administração de recursos prediais e gerenciamento da infraestrutura
Arquiteto: a definição das atribuições dos arquitetos é recente no País. Em 2010, a Lei 12.378 criou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil e definiu as áreas de atuação privativas dos arquitetos e as compartilhadas com outros profissionais. Mas, segundo o arquiteto Mario Figueroa, as atribuições da profissão ainda provocam debates, pois as definições são vagas. A lei diz que projetos arquitetônicos, urbanísticos e paisagísticos, além de atividades ligadas a patrimônio histórico, são reservadas a arquitetos
Designer de interiores: a atuação do designer de interiores, como o nome sugere, é concentrada no interior da edificação. “Pode ser em uma área exterior, mas que tenha uso ligado ao interior da casa”, explica o coordenador da pós-graduação em Design de Interiores da FAAP, Carlos Eduardo Leite Perrone. Segundo ele, a função do designer de interiores é adequar o espaço ao uso funcional e simbólico por meio de recursos de mobiliário, revestimentos etc. Frequentemente esse serviço é feito também por pessoas formadas em Arquitetura.
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